[...]O automóvel é o substituto técnico do sujeito transcendental activo por princípio. (...)Por isso, o automóvel é o que há de mais sagrado na Modernidade, é o centro cultural da religião universal cinética, é o sacramento rolante que nos proporciona a participação naquilo que é mais rápido do que nós próprios. Quem guia um automóvel aproxima-se do numinoso, sente como o seu pequeno Eu se engrandece até se tornar um sujeito superior, que nos dá como habitat todo o universo das vias rápidas e nos torna conscientes de que estamos destinados a algo mais do que uma vida semianimal como peões[...]
[...]de futuro, teremos de aprender com o suor do nosso rosto o arranca e pára pós-moderno...os grandes engarrafamentos estivais nas auto-estradas da Europa Central são fenómenos com valor de referência em termos de filosofia da história, até mesmo com significado no plano da história das religiões...eles são a Sexta-feira Santa cinética, em que se extingue a esperança na redenção pela aceleração[...]
Peter Sloterdijk
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