domingo, 27 de abril de 2008
sábado, 26 de abril de 2008
Avenida Antártida Argentina, 1355, Buenos Aires, DF.
Quando se atravessa uma fronteira nacional ocorre um estranho fenômeno: se passa para um lugar onde sua existência não é mais tão segura como era antes, e é preciso que ela seja novamente confirmada, por um carimbo diferente daquele que se tinha, atestando sua existência do outro lado da linha. Algumas vezes as nações se agrupam e fazem acordos que aumentam a extensão da propriedade de existir burocraticamente, de modo que o atravessar das linhas já não é tão turbulento.
Pois neste endereço se devolve a existência burocrática aos passantes, temporários ou permanentes (ainda que passantes) da Argentina. Talvez "devolver" seja um termo muito forte, fiquemos com o "confirmar", que havia utilizado antes. Se confirma.
Numa quarta-feira, 23 de abril, cheguei neste endereço por volta das dez e meia da quente manhã. Peguei a senha 431, e fui para o setor "Radicaciones - Mercosur". Fiquei lá ao menos quarenta minutos até conseguir descobrir o número estavam chamando. Chamavam, pelo que me recordo, o número 123.
Ficaria por lá ao menos mais seis horas, tempo mais que suficiente para fazer algumas observações sobre tão pitoresco ambiente, intercaladas com aqueles pensamentos típicos de quando se está numa fila e o frequente ato de retirar o papel da senha, que se gurda no bolso não interno, para olhar pela milésima vez qual é o número nele inscrito. Parece que tal atitude pressupõe alguma propriedade milagrosa dos bolsos, que, ao alojar dentro de si um papel de senha, poderia mudar (cambiar, ia eu escrever sob influência castellana) tal numero.
As pessoas, os rostos. Naquela sala apinhada de gente, a expressão geral parecia ser um misto de esperança e tristeza. Talvez, na maioria, aquela esperança bastante contida, receosa, desconfiada, típica de uma vida de sofrimento. Para cada rosto, imaginava eu uma história. Certamente são todas muito diferentes, mas é fácil imaginar os pontos em comum da vida daqueles imigrantes, bolivianos e peruanos em sua maioria.
O rosto sofrido e as mãos calejadas denunciam uma vida de trabalho duro, provavelmente em condições sofríveis, em algum recanto esquecido da América Latina, ou alguma das metrópolis caóticas e desiguais. Os rostos, denunciando não só a esperança desconfiada, mostram também uma humildade-quase-medo, ou um medo mesmo, diante das mesas da burocracia argentina. Uma sensação de pequenez diante de um funcionário que vai ou não confirmar a existência das pessoas e permitir, finalmente, que trabalhem em busca de uma vida melhor. A dependência causa a submissão, o imigrante se encolhe, acoado pela burocracia.
É o medo do não-existir para os demais, para os que te autorizam. Ouvi uma funcinária dizer à um chinês (também há muitos imigrantes chineses aqui): "você não tem documento, como vou saber que você é você?".
A maioria eram famílias inteiras, com crianças. Para as crianças pequenas, os niños e niñas, aquilo tudo era uma diversão. Não sabem direito o que se passa e há outras crianças para brincar. Certamente cansam com tanta espera e eventualmente se aborrecem, mas a maioria estava correndo por lá, ou conversando animadamente, na medida em que crianças pequenas e bebês conversam entre eles. O sorriso inocente, daqueles que não conhecem o mundo, pareciam ter um efeito sobre seus pais, e sobre eu mesmo, observando tudo aquilo. A expressão pálida, endurecida e preenchida pela esperança desconfiada, no rosto de um pai ou mãe, adquiria os traços, agora, de uma inocência tímida, que ainda resta no fundo do coração de um pai ou mãe sensibilizado pelo filho ou filha.
Uma figura em particular me chamou muito atenção. Não sei ao certo sua nacionalidade, imagino que era boliviano ou peruano. Fora as pessoas destes países havia muitos chineses, (no setor extra-mercosul), uma comunidade mórmon, e, no meio de tudo aquilo, um solitário judeu, com seu chapéu, sobretudo e barba, distoando na paisagem.
Enfim, a figura estava bem vestida, embora de maneira simples. Camisa azul esverdeada, calça cinza. As botas de trabalhador confirmavam o que se via nas mãos e no rosto, muito judiado pelo sol e pelos dramas da população humilde trabalhadora. A expressão era de tranquilidade e a humildade que tinha diante dos burocratas não parecia se converter em medo. Mantinha um sorriso, não sei se de uma esperança ainda ou já não desconfiada ou se para ele as coisas já estavam se encaminhado bem. As costas arqueadas, o cabelo branco, as rugas e o andar lento denunciavam uma idade avançada, não só pelo tempo, mas também, e talvez principalmente, pela labuta. Ao mesmo tempo me pareceu uma pessoas com educação, mas não sei porque pensei isso, talvez por não demonstrar medo diante da burocracia.
É um bom contato com a realidade latino americana, que muitas vezes passa distante de um estudante de classe média. E ver que para esses imigrantes, países como Brasil, Argentina e Chile oferece condições melhores que as dos seus países clarifica ainda mais as mazelas da América Latina.
Apenas impressões de seis horas de espera.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
The City
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Palabras
Mudando de assunto...
O que faço agora: espero numa fila de 200 pessoas na Dirección de Migraciones. Minha senha é precisamente a 431. Quando saí de lá estava na 201 e havia passado vinte e tres pessoas em uma hora de espera. Há ainda tempo para formular um tratado metafísico.
domingo, 20 de abril de 2008
Los coches
[...]O automóvel é o substituto técnico do sujeito transcendental activo por princípio. (...)Por isso, o automóvel é o que há de mais sagrado na Modernidade, é o centro cultural da religião universal cinética, é o sacramento rolante que nos proporciona a participação naquilo que é mais rápido do que nós próprios. Quem guia um automóvel aproxima-se do numinoso, sente como o seu pequeno Eu se engrandece até se tornar um sujeito superior, que nos dá como habitat todo o universo das vias rápidas e nos torna conscientes de que estamos destinados a algo mais do que uma vida semianimal como peões[...]
[...]de futuro, teremos de aprender com o suor do nosso rosto o arranca e pára pós-moderno...os grandes engarrafamentos estivais nas auto-estradas da Europa Central são fenómenos com valor de referência em termos de filosofia da história, até mesmo com significado no plano da história das religiões...eles são a Sexta-feira Santa cinética, em que se extingue a esperança na redenção pela aceleração[...]
Peter Sloterdijk
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Humo
A Cidade está coberta de fumaça. Há vários incêndios nos campos e várias rotas de trânsito entre Buenos Aires e o Interior estão fechadas.
Profético.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Sem aviso
Quintal de "casa" no primeiro dia invernal.
Caminhante e o Rio de la Plata. 14/04/2008, de dentro do ônibus, a caminho do centro.
Yo. No ônibus da linha 45, antes de tirar a foto do caminhante. Oito da matina, menos de 10 graus.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Apenas algumas fotos
Uma pessoa e um abajour em meio a concreto e vidro.
El Congreso de la Nación Argentina
O céu porteño.
O velho e o novo.
The City.
Túmulo de algum general, cujo nome não me recordo.
Cruzamento da Av. Rivadávia com a Av. Diagonal Norte.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
La Bombonera
Chico Toicinho
NOTAS
La critica de Bacon al silogismo aristotélico: “el silogismo se compone de proposiciones, las proposiciones de términos; los términos no tienen otro valor que lo de las nociones. He aquí por qué si las nociones (y este es punto fundamental) debido a una abstracción precipitada, lo que sobre ellas se edifica carece de solidez; no tenemos, pues, confianza más que en una legitima inducción”. Aforisma 14.
En la aforisma 26 hay la formalización de la distinción hecha por Bacon entre dos formas de la busca de la verdad.
Primer: prenociones de la naturaleza. Anticipaciones de la naturaleza. Es mejor decir anticipaciones del intelecto, pues en estos casos hay una inducción no legítima en que el intelecto, partiendo de las experiencias vagas, superficiales y vulgares, se anticipa en hacer de ellas, leyes no correctas acerca de la naturaleza. Esta, según Bacon, es la forma que se hace ciencia, que en verdad es una falsa ciencia, apoyada en una inducción vulgar, sin método.
Segundo: interpretación de la naturaleza. Este es el método sugerido por Bacon. Una ciencia apoyada en la experiencia legítima e metódica.
En la aforisma 22: “el uno de los métodos, desde de el comienzo, establece ciertos principios generales, abstractos e inútiles, mientras el otro se eleva gradualmente a las leyes que en realidad son más familiares a la naturaleza”.
Duda: ¿como sabemos cuando termina la inducción legítima e, finalmente, tenemos las leyes universales completas?
Los ídolos: son los errores y principios que originan los errores en la inteligencia humana. Cuatro son los tipos de ídolos.
1- Ídolos de la tribu.
2- Ídolos de la caverna.
3- Ídolos del foro.
4- Ídolos del teatro.
Los ídolos de la tribu son los comunes a toda la raza humana, tienen su fundamento en la misma naturaleza del hombre. “el entendimiento humano es con respecto a las cosas, como un espejo infiel, que, recibiendo sus rayos, mezcla su propia naturaleza a la de ellos, y de esta suerte los desvía y corrompe”. Aforisma 41.
Los de la caverna son aquellos que provienen de la naturaleza individual, pues cada hombre lleva en si disposiciones naturales particulares que corrompen la visión de la naturaleza.
Los del foro son aquellos del lenguaje vulgar, no precisa, mal reguladas, de significados oscuros. El ídolo de la plaza pública. Definiciones e explicaciones malas.
Los del teatro son los ídolos introducidos en el espíritu por las filosofías no verdaderas y los malos métodos que ellas defienden. No solo de los sistemas filosóficos, pero también de las malas ciencias, con principios errados.
Después él sigue con sus críticas a la filosofía aristotélica y otros sistemas que juzga errados y que por muchos siglos han confundido la mente de los pensadores. Destaca que los mismos filósofos que hicieran sistemas filosóficos, especialmente el propio Aristóteles, cuando se volvieran a si mismos, también notaran las incapacidades del espíritu, pero no fueran capases de revisar sus filosofías e sencillamente apuntaran que los problemas que ellos no fueran capases de resolver o trabajar son ámbitos no alcanzadles por la inteligencia humana. Critica la falta de crítica en la edad media, cuando los escolásticos hicieran una filosofía apoyada en la autoridad de Aristóteles e de la religión, y que la aparente disolución de las otras escuelas filosóficas después de los peripatéticos es, justamente, solo aparente, pues esas otras escuelas permanecerán por mucho tiempo antes que se fueran olvidadas o puestas en según plano.
Además, mismo que después la filosofía peripatética tenga predominado, eso, según Bacon, no es un indicio de que la filosofía es mejor y más cerca de la verdad.
Hay también una crítica acerca de un supuesto distanciamiento de las ciencias prácticas de la filosofía natural, que es la madre de todas las ciencias prácticas. Fenómeno este que es la causa de la superficialidad de las ciencias prácticas en la edad media, dice Bacon.
“Con todo, nadie espere un gran progreso de las ciencias (sobre todo en su parte práctica), mientras que la filosofía natural no penetre en las ciencias particulares, y que estas no vuelvan a la filosofía natural”. Aforisma 80.